Hungria. Milhares nas ruas em Budapeste em nome da resistência ao governo de Orbán

Cerca de 15 mil pessoas encheram hoje uma praça de Budapeste, numa manifestação que a organização chamou de início de um movimento de resistência contra o governo de Viktor Orbán.
Quase duas dezenas de figuras públicas, entre as quais escritores, actores, músicos e jornalistas, uniram-se à manifestação em Budapeste.
A maioria dos intervenientes na manifestação criticou a crescente conduta anti-democrática por parte do governo, tendo sido dirigidas acusações de corrupção ao partido Fidesz.
“Este país não pertence aos que mentem, aos que roubam do povo, aos que vendem a sua humanidade em troca de poder”, disse um dos manifestantes, Csaba Bogos. “Este país pertence aos que se atrevem a pensar, aos que conseguem ler entre linhas, aos que confiam em si próprios e nos outros e que acreditam que há um futuro pacífico comum que devemos construir juntos”.
Este foi o mais recente protesto contra o governo, desde que o partido de Viktor Orbán aprovou em Março uma lei, e no mês seguinte uma emenda constitucional, que proibia eventos públicos LGBTQIA+.
Essa lei também permitiu que as autoridades utilizassem tecnologia de reconhecimento facial para identificar e multar participantes em eventos proibidos.
Com o aproximar das eleições em 2026 e com o partido Fidesz a perder força para os opositores, segundo a maioria das sondagens, os críticos do governo dizem que Viktor Orbán está a usar mais tácticas autoritárias para silenciar a oposição.
Os oradores na manifestação de hoje alertaram para um recente projecto de lei que permitirá ao governo colocar numa lista negra órgãos de comunicação social e organizações não-governamentais (ONG) que sejam críticas.
Este projecto de lei permitirá ao governo monitorizar, restringir, penalizar e potencialmente banir organizações que considere ser uma ameaça à soberania nacional da Hungria.
A discussão do projecto de lei foi, recentemente, adiada para a sessão do Parlamento a realizar no outono.