
Acompanhe a seguir um resumo dos principais momentos do protesto contra o aumento do custo de vida em Angola, a partir da capital, Luanda, na cobertura dos repórteres da DW África, Borralho Ndomna e António Ambrósio.
Angolanos saíram às ruas de Luanda, este sábado (26.07), para protestar contra o aumento extremo do custo de vida, tendo especial foco o aumento dos preços dos combustíveis e dos transportes públicos, com a capital angolana a viver dias de tensão.
A manifestação promovida pelo Movimento contra a Subida do Preço dos Combustíveis teve o apoio de diversos setores da sociedade, incluindo taxistas, zungueiras e pessoas com deficiência. Um manifesto foi veiculado pelos organizadores, com os principais pontos de reinvidicação.
O que exigem os manifestantes?
• Reajuste justo dos preços dos combustíveis e dos táxis
• Consulta pública antes de decisões sobre subsídios
• Auditoria e transparência nas políticas de preços
• Libertação dos ativistas Osvaldo Kaholo e Gonçalves Frederico.
Manifestaçãoes continuam
Até o encerramento da cobertura da DW, não houve registo de uso de gás lacrimogénio nem ações de violência deliberada por parte da polícia contra os manifestantes.
As organizações, porém, prometem manter-se no Largo da Independência até à meia-noite, apesar da forte presença policial.
Ao longo do percurso, enretanto, um forte aparato policial foi montado, com quatro barricadas. Durante a marcha, os manifestantens conseguiram furar as primeiras barreiras da polícia. Um cidadão, impedido de passar, comoveu ao apelar à polícia "fiquem do nosso lado, mano".
Os manifestantes seguiram o protesto ao som da música "Povo no Poder", do falecido rapper moçambicano Azagaia.
Além de manifestarem insatisfação com aumento dos preços, pediram a libertação dos ativistas Gonçalves Frederico e Osvaldo Kaholo, detidos.
Mudança de percurso e repressão policial
O organizador do protesto deste sábado, Dago Nível, disse à DW que a marcha, inicialmente prevista para seguir da Santana até ao Largo do Soweto/Makarenko, teve de ser desviada. Segundo ele, o governo provincial alegou que já havia outra atividade marcada para o local — uma decisão que os organizadores consideraram uma manobra para inviabilizar o protesto.
"Percebemos que há uma estratégia para confundir e desmobilizar a nossa marcha”, afirmou Dago Nível, sublinhando que a alteração foi feita para evitar confrontos e garantir a realização pacífica do ato.
Apesar da forte presença policial no Largo da Independência, os manifestantes prometem permanecer até à meia-noite. A polícia começou a restringir a presença da imprensa no local, o que aumentou ainda mais a tensão.
Cidadãos manifestam descontentamento
Osvaldo Nunes, cidadão com deficiência, expressou o seu descontentamento. "A subida do preço da gasolina e do táxi afeta-nos profundamente. Já sofremos com a falta de acessibilidade e agora nem conseguimos sair de casa. Precisamos mostrar o nosso descontentamento", disse.
Também as zungueiras, mulheres que dependem do comércio informal, expuseram suas dificuldades diárias: "As crianças estão a morrer de fome. Não conseguimos vender. A alimentação está péssima e os preços estão altíssimos. Pedimos ao governo que baixe os preços. A situação está insustentável", disse uma vendedora ouvida pela DW em Luanda.
Paralisação geral de Táxis
Está marcada uma paralisação geral de táxis de segunda (28.07) a quarta-feira (30.07), o que deverá aumentar ainda mais a pressão sobre o Governo de João Lourenço.
Última atualização às 17h15 (UTC - Tempo Universal coordenado)