Cambeck de Binelde Hyrcan no Brooklyn Museum
Por TopAngola ·

Resumo:
O Brooklyn Museum adquiriu “Cambeck” (2010), vídeo-instalação de Binelde Hyrcan. A compra reforça o prestígio da arte contemporânea angolana.
Pontos-chave:
Em 21 de julho de 2025, o Brooklyn Museum, em Nova Iorque, anunciou a integração de “Cambeck” (2010) de Binelde Hyrcan em seu acervo permanente. A iniciativa representa um importante marco histórico, pois consolida a presença da arte angolana em uma das instituições mais prestigiadas do mundo, oferecendo maior visibilidade e validação internacional ao trabalho de artistas contemporâneos do continente africano.
Após o interesse gerado no leilão da Sotheby’s, em que a obra de Hyrcan atraiu colecionadores, o Brooklyn Museum iniciou um diálogo curatorial de dois anos. As conversas envolveram trocas críticas sobre concepção e significado de “Cambeck”, resultando na decisão conjunta de incorporar a instalação ao museu. Esse processo colaborativo evidencia a atenção dedicada às narrativas artísticas africanas em instituições internacionais.
Realizada em 2010 na Ilha de Luanda, “Cambeck” é uma vídeo-instalação que coloca quatro rapazes sentados em uma viatura desenhada na areia. Por meio de diálogos carregados de ironia e inocência, eles discutem temas como mobilidade social, futuro e desigualdade. A peça usa a brincadeira infantil para criar uma metáfora poética e crítica da realidade urbana angolana, examinando estruturas de classe e aspirações sociais.
Binelde Hyrcan, nascido em Luanda em 1982, desenvolve uma prática multidisciplinar que abrange vídeo, performance, instalação, pintura e escultura. Com uma linguagem visual marcada por humor mordaz, crítica social e narrativas simbólicas, ele explora narrativas coletivas e memórias urbanas. Sua obra já foi exibida em mais de 20 países e é parte de coleções de museus e fundações, fortalecendo o diálogo entre arte africana e público global.
A aquisição de “Cambeck” pelo Brooklyn Museum destaca capacitação cultural e representa um avanço estratégico para a arte contemporânea angolana. Ao posicionar uma obra africana em uma instituição de referência, o gesto abre espaço para novos diálogos, preservação de identidades e valorização de perspectivas marginalizadas. Analistas veem o movimento como parte de uma tendência crescente de legitimação de práticas artísticas do continente em museus internacionais.