Cabo Verde lidera candidatura do Tarrafal à UNESCO
Por TopAngola ·

Resumo:
Cabo Verde e parceiros apresentam a candidatura do Tarrafal à UNESCO, visando valorizar a memória histórica e o legado de resistência.
Pontos-chave:
Em 2 de junho de 2025, o Governo de Cabo Verde deu início à divulgação oficial da candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património Mundial da UNESCO. A ação, descrita num comunicado governamental, contempla reuniões com entidades públicas, instituições culturais e parceiros estratégicos de modo a mobilizar apoio institucional e comunitário em prol desta iniciativa de valor histórico.
A candidatura será submetida de forma conjunta por Cabo Verde, Portugal, Angola e Guiné-Bissau, representando um gesto de afirmação da memória coletiva e de compromisso com a valorização do património ligado à resistência e à luta pela liberdade. A proposta foi reforçada durante as celebrações do 50.º aniversário da libertação dos prisioneiros políticos do Tarrafal, ampliando o alcance diplomático e cultural da iniciativa.
Inaugurado em 1936 sob o regime colonial português, o Campo de Concentração do Tarrafal recebeu os primeiros 152 presos políticos em 29 de outubro daquele ano. Operacional até 1956 e reaberto em 1962 como “Campo de Trabalho de Chão Bom” para anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, o local ficou conhecido como “Campo da Morte Lenta” pelas condições extremas e violações dos direitos humanos.
A proposta de classificação do Tarrafal segue diretrizes recomendadas pela UNESCO para espaços museológicos e sítios de memória. O antigo campo tem sido objeto de intervenções arqueológicas e museográficas, com vista à preservação das estruturas originais, em parceria com universidades e instituições culturais, e à instalação de exposições que contextualizam a história dos prisioneiros políticos, o legado da luta anticolonial e projetos educativos para comunidades locais.
Analistas e especialistas em património consideram que a inclusão do Tarrafal na lista da UNESCO fortalecerá a preservação de memórias ligadas ao anticolonialismo e ampliará o impacto cultural e educativo na diáspora lusófona. O movimento poderá atrair investimentos turísticos responsáveis, fomentar parcerias de investigação e intercâmbio científico, e promover o reconhecimento internacional e a sensibilização pública sobre o legado histórico.