Legado de Mário Pinto de Andrade ainda ignora Angola
Por TopAngola ·

Resumo:
Filha de Mário Pinto de Andrade denuncia esquecimento do ideólogo e lança ações para difundir seu pensamento pan-africanista e histórico.
Pontos-chave:
Em 16 de maio de 2025, em Lisboa, a socióloga franco-angolana Henda Ducados afirmou à Lusa que o pai, o histórico Mário Pinto de Andrade, «ainda não é reconhecido» em Angola, embora seja citado como primeiro presidente do MPLA. A crítica surgiu no ciclo “A Revolução é um ato de Poesia”, no Museu do Aljube.
Segundo Henda, o líder anticolonial foi “excluído da narrativa revolucionária”: não integra os currículos escolares e raramente aparece nos manuais. Quase 50 anos após a independência, obras como “A Revolução Africana” começam a ser citadas, mas falta reconhecimento alargado à sua pessoa e pensamento, lacuna que considera urgente corrigir.
Para preencher esse vazio, Henda e a irmã Annouchka fundaram em 2020 a Associação dos Amigos da Sarah e do Mário. O grupo reedita livros, publica inéditos e lançará ainda este ano um volume sobre a passagem de Pinto de Andrade pelo leste de Angola, procurando levar suas ideias pan-africanistas à juventude do país.
O encontro foi coorganizado pelo coletivo BISO e pela ONG Africadelic. Elias Joaquim, do BISO, chamou Pinto de Andrade de “pioneiro do pensamento pan-africanista” e lamentou que a sua geração seja “órfã de referências”. Para ele, eventos da diáspora são essenciais para reavivar a memória histórica e estimular debate crítico.
Henda lembra que o sonho do pai incluía uma Angola com educação de qualidade e condições dignas de vida. Hoje, diz ela, “falta memória” e compromisso político para ensinar a história como ocorreu. Melhorar escolas e tornar o país “um bom lugar para viver” são passos indispensáveis para honrar o legado do filólogo, sociólogo e ensaísta.