Domingo, Agosto 17
Resumo

Luandino Vieira celebra 90 anos

Por TopAngola ·

2 min leitura
Luandino Vieira celebra 90 anos

Resumo: 

Aos 90 anos, José Luandino Vieira é celebrado pela sua obra que transformou o português em voz angolana e inspirou gerações na luta e cultura do país.

Pontos-chave:

  • Em 4 de maio de 2025, o escritor angolano José Luandino Vieira completou 90 anos. Filho de Portugal criado em Angola, ele sobreviveu à prisão colonial para se tornar voz central da literatura nacional, recebendo tributos da Academia Angolana de Letras e de estudiosos em Luanda e no Rio de Janeiro, em matérias publicadas no Jornal de Angola por Boaventura Cardoso, Manuel Muanza e Carmen Lúcia Secco.

  • Vieira inventou uma prosa que kimbundiza o português, dando estatuto poético à fala dos musseques. Obras-chave como “Luuanda” (1963), “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier” (1961), “João Vêncio: Os Seus Amores” (1979) e “Nós, os do Makulusu” (1975) subverteram normas lexicais e morfológicas, afirmando a identidade angolana e influenciando gerações de escritores africanos. Críticos veem nessa transgressão linguística um manifesto contra a colonização cultural.

  • Detido primeiro em 1959 e novamente em 1961 por apoiar o movimento de libertação, Vieira passou oito anos no campo de concentração do Tarrafal, Cabo Verde. Mesmo preso, recebeu o Grande Prémio de Novelística de 1965 pelo livro “Luuanda”; o regime respondeu encerrando a Sociedade Portuguesa de Escritores e prendendo quatro jurados, tornando o autor símbolo literário da resistência anticolonial.

  • Após a independência de 1975, Vieira tornou-se cidadão angolano e ocupou cargos na Televisão Pública de Angola e como secretário-geral da União dos Escritores Angolanos. Defendia que o autor fosse “a consciência crítica” do país, elogiando e denunciando quando necessário. Nos anos 1980, descreveu a produção literária como fase de “perplexidade”, exigindo meditação e abertura para que novos livros florescessem.

  • No nonagésimo aniversário, acadêmicos sugerem criar uma Cátedra Luandino Vieira para estudar sua obra, que continua a inspirar jovens em Angola e no exterior. A professora Carmen Secco ressalta que sua escrita “verbalmente mestiça” conjuga afetos, crítica social e invenção estética, dos contos de “Luuanda” às memórias em “Livro dos Rios”, mantendo vivo o ideal libertário angolano no século XXI.

Partilhar este resumo:

Receba as Top 10 notícias do dia, todos os dias

Outros Resumos