Acordo e paz duradoura entre Kuvale e Nhaneka
Por TopAngola ·

Resumo:
Comunidades Kuvale e Nhaneka, no Namibe, firmam acordo para cessar disputas pela represa de Mulovei. Gestão conjunta e comissões de paz.
Pontos-chave:
O conflito tribal no Namibe envolvendo as etnias Nyaneka-Humbi, Kuvale, Mucubal e Nhaneka foi intensificado pela escassez de água devido à seca. Em 16 de agosto, confrontos surgiram junto à represa de Mulovei, gerando uma disputa histórica pelos recursos hídricos no sul de Angola e reacendendo tensões entre as comunidades locais, com lideranças tradicionais exigindo maior autonomia na administração da água.
Os confrontos resultaram em pelo menos 12 mortes confirmadas, embora relatos de ativistas sugiram mais de vinte vítimas, com corpos ainda não recolhidos. Famílias locais enfrentaram funerais coletivos a partir de quarta-feira, e milhares de pessoas fugiram para Bibala e áreas seguras, agravando o quadro humanitário da região diante da escassez de abrigo, água potável e apoio estatal, com assistência médica emergencial ainda insuficiente.
Autoridades do Namibe ordenaram o desarmamento nas zonas de Cacimba e Camucuio após reunião com líderes tradicionais e anúncio de seis grandes barragens e reabilitação de 43 represas, mas medidas são criticadas como insuficientes e “teatro”. Especialistas apontam falhas no modelo centralizado de governança e cobram projetos de curto prazo, como furos, cacimbas e bioindicadores comunitários, em vez de obras megalomanas.
Em 20 de agosto, as etnias Kuvale e Nhaneka selaram um acordo de perdão mútuo e gestão compartilhada da lagoa do Mulovei, mediado por autoridades provinciais e tradicionais. Ficou estipulado o desarmamento, reuniões regulares, comissões multissetoriais, apoio prioritário às famílias deslocadas, visando restaurar a ordem e promover convivência pacífica entre criadores de gado e medidas para resolução de litígios fundiários e combate ao roubo de gado.
Líderes e especialistas ressaltam a urgência de soluções de curto prazo: furos, cacimbas georreferenciadas e sistemas de captação de água pluvial, guiados pelas próprias comunidades. Defende-se bioindicadores para monitorar pastagens e garantir uso equitativo dos recursos. Analistas concluem que, sem uma abordagem participativa e descentralizada, o ciclo de violência e deslocamentos deve voltar a se agravar em novas épocas de estiagem.
5 Fontes
Conflito no Namibe: familiares iniciam enterro das doze vítimas
Seca no Namibe: Disputa por água termina em tragédia
Etnias Kuvale e Nhaneka chegam a acordo para o fim de conflitos
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