57% dos angolanos quer emigrar
Por TopAngola ·
Resumo:
Afrobarómetro de 2024 aponta que 57 % dos angolanos pensa emigrar; jovens urbanos e qualificados buscam emprego e fogem da crise, ameaçando êxodo de talentos.
Pontos-chave:
O Afrobarómetro entrevistou 2 400 angolanos entre 27 de Março e 19 de Abril de 2024 e concluiu que 57 % admite já ter pensado emigrar. A inquietação é vista como “uma das maiores preocupações nacionais”, refletindo anos de recessão e inflação. O estudo adverte que a tendência pode acelerar se o mercado de trabalho continuar a encolher.
Entre quem cogita partir, 37 % aponta a procura de melhores oportunidades de emprego e 34 % a fuga a dificuldades económicas ou pobreza. O economista Fernandes Wanda nota que o “Índice de Sofrimento Económico” dos jovens subiu de 66,8 % em 2022 para 81,9 % em 2024, empurrando muitos a “procurar alternativas fora”.
A propensão cresce com a escolaridade: apenas 27 % dos sem estudos pensa emigrar, mas 74 % dos que concluíram o secundário e 72 % dos universitários já fizeram planos. Especialistas alertam para a perda de capital humano num país que forma poucos técnicos qualificados e enfrenta escassez crónica de competências.
O fenómeno também é geográfico. Nas cidades, 70 % admite emigrar; nas zonas rurais, apenas 34 %. Em Luanda, 78 % dos residentes pensou ir para o exterior, contraste com 31 % no Sul e 33 % na Huíla. O custo de vida elevado na capital amplifica a frustração, enquanto no interior faltam redes e recursos para sair.
Portugal mantém-se destino líder: número de angolanos residentes saltou de 16 854 em 2017 para 55 589 em 2023, tornando-os a segunda maior comunidade estrangeira lá. A Europa atrai 39 % dos potenciais emigrantes e a América do Norte 21 %. Analistas temem brain-drain juvenil que fragilize a diversificação económica e a governança.
