Juntas do Sahel rompem com o TPI
Por TopAngola ·

Resumo:
Mali, Burkina Faso e Níger deixam o Tribunal Penal Internacional, acusando-o de justiça seletiva e prometendo mecanismos judiciais nacionais.
Pontos-chave:
Em 23 de setembro de 2025, Mali, Burkina Faso e Níger comunicaram a sua saída do Tribunal Penal Internacional (TPI) com efeitos imediatos. As autoridades das três nações governadas por juntas militares acusam o organismo de exercer uma justiça seletiva, apontando que casos envolvendo potências ocidentais são sistematicamente negligenciados. O anúncio, feito em declaração conjunta, ressalta um discurso antiimperialista e reivindica maior respeito à soberania nacional.
Segundo as declarações das juntas militares, o TPI tem funcionado como uma ferramenta de repressão neocolonial, conforme alegações publicadas no mesmo comunicado. Os governos criticam a atuação supostamente parcial do tribunal, afirmando que investigações contra líderes de potências tradicionais avançam com mais rapidez e eficácia. Eles também destacam a saída anterior de organizações como a CEDEAO, reforçando o caráter contínuo da dissidência.
Em resposta, as nações do Sahel anunciaram planos para criar tribunais e mecanismos de justiça nativos, alinhados aos seus valores culturais e jurídicos. Essa iniciativa pretende substituir a jurisdição do TPI por processos internos, que seriam conduzidos por tribunais militares ou ad hoc em cada país. O objetivo declarado é assegurar responsabilidade local e fortalecer a noção de soberania legal frente a interesses externos.
Analistas internacionais alertam que a retirada do TPI pode reduzir a fiscalização de abusos em áreas de conflito, incluindo os diversos grupos armados assediando civis. Observadores de direitos humanos expressaram preocupação com o enfraquecimento de mecanismos de responsabilização, especialmente ante denúncias de crimes de guerra e violações de direitos fundamentais na região. A medida reforça o alerta sobre possíveis impunidades generalizadas.
No plano geopolítico, a saída fortalece a Aliança dos Estados do Sahel, que busca estreitar laços com a Rússia, China e outras potências fora do bloco ocidental. O movimento sinaliza um reposicionamento estratégico, afastando-se de influências europeias e norte-americanas. Especialistas apontam que essa reorientação pode alterar o equilíbrio de poder na região, influenciando acordos de segurança, cooperação militar e fluxos econômicos.