Crise em Cabo Delgado afasta 46 mil pessoas
Por TopAngola ·

Resumo:
A violência em Cabo Delgado deslocou mais de 46 mil pessoas em uma semana e agrava a crise humanitária, com apenas 19% do plano de 2025 financiado.
Pontos-chave:
Entre 20 e 28 de julho de 2025, ataques armados na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, forçaram mais de 46 000 pessoas a abandonarem suas casas. Famílias fugiram em massa para distritos vizinhos em busca de segurança. A intensificação da violência destaca a fragilidade das áreas rurais afetadas, onde comunidades dependem de assistência humanitária para sobreviver diante de ameaças contínuas.
Desde janeiro de 2025, mais de 95 000 pessoas já foram deslocadas em decorrência dos conflitos na mesma região. Relatórios do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertam para as dificuldades em monitorar fluxos de refugiados sob fogo cruzado. As condições inseguras e a falta de corredores humanitários agravam o desafio de registrar e assistir todas as comunidades atingidas.
Grande parte dos deslocados são crianças, muitas vezes separadas de parentes e expostas a riscos elevados. Abrigos improvisados estão superlotados, com famílias vivendo em espaços restritos sem acesso adequado a alimentação, água potável e cuidados médicos. A falta de documentos civis impede o registro oficial de muitos refugiados internos, o que dificulta o recebimento de ajuda e amplifica sua vulnerabilidade diante de doenças e violência local.
Até o momento, apenas 19% dos US$ exigidos pelo plano humanitário de Moçambique para 2025 foram garantidos, obrigando agências a reduzirem suas metas de assistência. Originalmente voltado a mais de um milhão de beneficiários, o programa agora cobre apenas 317 000 pessoas. A escassez de recursos compromete a distribuição de suprimentos essenciais, como alimentos e medicamentos, e prejudica projetos de reconstrução e suporte psicossocial.
A ONU faz um apelo urgente à comunidade internacional, solicitando maior acesso humanitário e recursos adicionais para atender as populações afetadas em Cabo Delgado. Organizações de ajuda destacam a necessidade de corredores seguros para entregas de emergência e de programas de proteção a civis. Sem esses mecanismos, as respostas ficarão restringidas, aumentando o risco de agravamento da crise sanitária e social na região.