Valores culturais cimentam coesão social angolana
Por TopAngola ·

Resumo:
Simpósio em Luanda destaca preservação das línguas nacionais e hábitos tradicionais como alicerces da identidade e da coesão social angolana.
Pontos-chave:
Realizado entre 20 e 23 de maio, o simpósio “A Cultura Fortalece a Nação e a Personalidade do Cidadão Angolano”, promovido pela Liga Africana e Faculdade de Ciências Sociais da UAN, reuniu estudantes, músicos e académicos em Luanda. O objetivo central foi discutir como a preservação de línguas nacionais, costumes e tradições garante uma sociedade angolana mais coesa e solidária.
Nos painéis, o músico Tony Nguxi advertiu que “muitos jovens desconhecem as suas raízes” porque cedem a influências externas, enquanto o professor António Fonseca recordou que a identidade nacional assenta em três pilares: unidade, preservação e diversidade cultural. “Sem estes elementos, a nação fragiliza-se”, alertou, defendendo ensino sistemático das línguas locais em todas as províncias para garantir continuidade geracional e prosperidade futura.
Já o académico Abreu Paxe contestou a visão redutora de cultura como mera arte ou literatura. Para ele, cultura inclui práticas agrícolas, vivências escolares e saberes transmitidos no seio familiar. Sublinhou que esse capital simbólico alimenta inovação, turismo e crescimento económico, devendo, portanto, ser integrado nos currículos e em políticas públicas de desenvolvimento sustentável em Angola para enfrentar desafios globais e reduzir desigualdades regionais.
O programa estendeu-se por três dias e incluiu mesa-redonda na Universidade Jean Piaget sobre o cancioneiro angolano, com Carlos Lamartine, Pedro Rosa e Constância Ceita, e debate histórico “Liga Africana – Embrião do Nacionalismo Angolano”. Organizadores garantem eventos adicionais ao longo de 2025 para abordar toponímia e promoção das 40 línguas nacionais reconhecidas oficialmente pelo Ministério da Cultura e parceiros académicos.
O simpósio concluiu que preservar valores culturais é estratégico: reforça sentimento de pertença, inspira orgulho e “constrói pontes” entre gerações e etnias. Relatores defenderam orçamento específico para projetos comunitários, arquivos digitais e incentivos a empreendimentos criativos. “A cultura é o cimento social e motor económico que nos projeta nos próximos 50 anos”, sintetizou o presidente da Liga Africana, Óscar Guimarães.