Sérgio Piçarra recusa medalha em protesto
Por TopAngola ·

Resumo:
O cartoonista Sérgio Piçarra recusou a medalha dos 50 anos da independência de Angola em protesto contra a falta de liberdade de imprensa.
Pontos-chave:
Em 18 de julho de 2025, o cartoonista angolano Sérgio Piçarra anunciou nas redes sociais a recusa da medalha concedida pelas comemorações do 50.º aniversário da independência nacional. Ele afirmou que aceitaria um símbolo de liberdade enquanto o panorama mediático permanecesse enquadrado por restrições e censura seria uma incoerência. A decisão foi sustentada em solidariedade com a causa da liberdade de imprensa e expressão.
Piçarra estava nomeado na categoria Paz e Desenvolvimento, mas esclareceu que a distinção perderia valor se fosse atribuída em ambiente de limitação de liberdade de expressão. O artista recordou as suas personagens icónicas, como Mankiko e Fatita, e explicou que estes símbolos de esperança não permitiriam a aceitação de honrarias sob coerção política. A atitude inspira reflexões sobre o papel dos criadores na defesa dos direitos cívicos.
Na sua declaração pública, Piçarra mencionou outros renunciantes de condecorações, incluindo figuras da oposição e antigos vice-ministros, sublinhando o caráter simbólico da recusa como ferramenta de manifestação pacífica. Ele destacou que a imprensa pública continuava «enjaulada» e que reportagens sobre lançamentos de livros e trabalhos de jornalistas independentes eram sistematicamente omitidas. O gesto visa alertar para a necessidade de pluralismo mediático e transparência governamental.
O anúncio repercutiu-se em diversos órgãos de comunicação social nacionais e internacionais, gerando debate sobre a coerência entre homenagens estatais e o ambiente de direitos fundamentais. Analistas consideram que o ato de recusa constitui um precedente relevante para outros agentes culturais e políticos que enfrentam dilemas semelhantes em contextos de autoritarismo. A forte repercussão demonstra como um gesto simbólico pode catalisar discussões sobre liberdade e responsabilização do poder público.
Piçarra concluiu afirmando que manterá a vigilância sobre possíveis violações de liberdade e convidou colegas criativos a considerar a recusa de honrarias que não representem valores democráticos. O relato nas redes sociais incluiu ilustração com Mankiko e Esperança, reforçando a mensagem de que a arte deve manter-se independente e crítica. Muitas vozes culturais expressaram apoio, saudando o ato como um marco na luta por uma imprensa autónoma.