Sexta-feira, Julho 11
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Governo poupa até 700 milhões USD com duas subidas dos preços do gasóleo

Expansão3 min leitura
Governo poupa até 700 milhões USD com duas subidas dos preços do gasóleo

Reportagem sobre a Subida do preço do Gasóleo de 300 para 400 Kwanzas Foto: Manuel Tomás

Dito e feito. Depois de o Governo ter revelado, em Maio, ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que ia voltar a aumentar o preço do gasóleo este ano, na semana passada o litro deste combustível disparou 33% para 400 Kz. Segundo cálculos do Expansão, com base em projecções de duas instituições internacionais, o Executivo deverá poupar até cerca de 700 milhões USD, equivalentes a 0,7% do PIB, com as duas subidas já consumadas.

Desde 4 de Julho que cada litro de gasóleo passou a custar 400 Kz, o que representa um aumento de 33% face aos 300 Kz praticados anteriormente. Trata-se do terceiro aumento do preço do gasóleo, naquela que é a segunda vaga de retirada gradual dos subsídios aos combustíveis, que arrancou a 23 de Junho de 2023 (a primeira foi em 2016), com a subida do preço da gasolina de 160 Kz para 300 Kz. Em Abril de 2024, o preço do litro do gasóleo subiu de 135 Kz para 200 Kz, um ano depois (24 de Março) cresceu 50% para 300 Kz e agora mais 33% para 400 Kz.

Contas feitas, no espaço de pouco mais de um ano, o preço do gasóleo praticamente triplicou, com uma subida de 196% face a Abril do ano passado. Segundo publicou o Expansão no final de Maio, esta subida já tinha sido anunciada pela ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, aos responsáveis do FMI, após um encontro no final daquele mês, em Luanda, no âmbito da avaliação regular do Programa Pós-Financiamento, para avaliar a capacidade de pagamento da dívida que o País contraiu junto daquela instituição multilateral e que, no final de 2024, era de cerca de 3.900 milhões USD.

Nesse encontro, também não ficou afastada a hipótese de um novo aumento no preço da gasolina.

A recente actualização de preços - que levou à subida dos preços dos táxis e autocarros - acontece em parte porque o Governo tem encontrado dificuldades para financiar o Orçamento Geral do Estado 2025 devido à alta de juros das dívidas soberanas, bem como a quebra da produção e do preço do petróleo. Como avançou o Expansão em Maio, além de cortes na despesa, o Executivo procura alternativas à emissão de 1.500 milhões USD em Eurobonds, que devem passar por financiamentos junto da banca comercial estrangeira, com recurso a uma garantia do Banco Mundial (ainda em negociação) e também com a renegociação de financiamentos de curto prazo, garantidos no final de 2024 com os norte-americanos do JP Morgan e os sul-africanos do Standard Bank. Também não está afastado um novo programa do FMI, com um prazo inferior ao Programa de Financiamento Ampliado (2018-2021), para não colidir com os planos para as eleições gerais que vão decorrer em 2027.

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