Standard Bank diz que PIB cresce 2,9% e admite revisão ao OGE

A economia deverá crescer 2,9% este ano, de acordo com as previsões do Standard Bank Research, desacelerando dos 4,4% registados em 2024, o maior dos últimos dez anos. Projecção do banco mete o PIB a crescer novamente a um ritmo ligeiramente inferior ao crescimento da população (3,1% ao ano).
As previsões foram apresentadas, esta semana, pelo economista-chefe do Standard Bank para Angola, Moçambique e República Democrática do Congo, Fáusio Mussá, durante o primeiro Briefing Económico do ano.
O Standand Bank é menos optimista que o Governo, que perspectiva um crescimento do PIB na ordem dos 3,8%, revistos em baixa face os 4,1% projectados no Orçamento Geral de Estado (OGE) 2025. Entretanto, o FMI é mais pessimista. Esta semana, a instituição multilateral cortou 0,6 pontos percentuais à previsão de crescimento PIB de Angola para 2,4%, ao mesmo tempo que reviu em alta a inflação de final de período de 18,9% para 20,1%.
Entretanto, Fáusio Mussá alertou que "poderá ser necessário o Governo angolano implementar este ano um orçamento rectificativo", em virtude da redução do preço petróleo, motivado pelo contexto económico internacional "volátil e incerto".
"Olhando para a receita prevista no OGE para 2025, de 19,8 mil milhões Kz, e compararmos com o que se realizou em 2024, verificamos que, para o País alcançar essa meta, seria necessário um aumento na ordem dos 38%. É praticamente impossível alcançar essa receita se o preço do petróleo se comportar como nas últimas semanas, ficando abaixo do que o Governo projectou no OGE", explicou.
Havendo a perspectiva de não ser possível alcançar a receita antecipada, e se o Governo mantiver a despesa prevista, o economista entende que Angola vai ter um défice fiscal muito superior ao que tinha sido projectado (de 1,65%). "Isso implica que se terá de financiar esse défice. Ou com dívida doméstica, ou com dívida externa, ou com uma combinação das duas. Ou até socorrer-se de alguma poupança do fundo soberano", disse.
"Terá de se racionalizar e ver quais os projectos mais prioritários. Poderá ser necessário o Governo implementar este ano um orçamento rectificativo. Isto é, produzir um novo OGE, levar à Assembleia da República para discutir e chegar a um acordo sobre o que é prioritário, para que não haja um deslize fiscal que resulte numa pressão sobre a dívida pública. Sobretudo porque o serviço da dívida ainda consome cerca de 85% da receita do Estado", acrescentou.
Quanto ao cenário global, Fáusio Mussá apontou que está envolta de uma grande incerteza, já que "não se sabe como Donald Trump deverá acordar no dia seguinte" e mudar as políticas, tal como aconteceu recente ao impor um conjunto de tarifas que tornam os mercados internacionais mais turbulentos e afectaram igualmente Angola.