Greve histórica paralisa jornalistas estatais
Por TopAngola ·

Resumo:
Greve dos jornalistas estatais exige 58% e retroativos, enfrenta ação judicial e coação. Fases vão de set a dez 2025 na TPA, ANGOP e RNA.
Pontos-chave:
Em 5 de setembro de 2025, o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) convocou uma greve geral interpolada em quatro fases, exigindo um aumento salarial de 58% e retroativos de junho e julho. O protesto envolve profissionais da TPA, ANGOP e RNA, expostos a listas de coerção. O Tribunal da Comarca de Luanda ainda examina providência cautelar que pede suspensão do movimento, alegando violação de serviços mínimos.
A paralisação interpolada inicia-se em 8 de setembro, até 12, seguindo-se fases em outubro, novembro e dezembro. Cada período mira setores diferentes, traduzindo-se em forte pressão nas redações estatais. O SJA orienta piquetes, enquanto o Governo propõe aumentos faseados de 27% em outubro e 31% em janeiro de 2026, oferta rejeitada pelos grevistas. A ameaça de desemprego intensifica o conflito, expondo tensões entre jornalistas e administrações.
O Tribunal da Comarca de Luanda julgou procedente a providência cautelar interposta pelas direções de TPA, ANGOP e RNA, ordenando a suspensão da deliberação de greve por alegada violação de serviços mínimos e do direito dos cidadãos de se informarem. A decisão intensifica o impasse e reforça a crítica a eventuais retaliações e listas de grevistas compiladas pelas administrações. Analistas apontam risco de enfraquecimento da credibilidade da comunicação pública.
O secretário-geral do SJA, Pedro Miguel, destacou a urgência de implementar o acordo de abril e criticou a falta de justificativa para o não pagamento de retroativos. Ele enfatizou que só a pressão coletiva garantirá o cumprimento de compromissos salariais, lembrando que a paralisação visa defender direitos fundamentais dos profissionais de imprensa e rejeitaram a oferta escalonada do Governo, tida como insuficiente.
A mobilização ocorre em meio a críticas sobre cercamento da liberdade de expressão e provoca reflexões sobre o estado do jornalismo em Angola e na lusofonia. Acadêmicos e ex-jornalistas alertam para risco de autocensura e exigem maior autonomia editorial, enquanto organizações internacionais monitoram o cumprimento dos direitos laborais e informativos no país. O desfecho do movimento poderá influenciar negociações futuras e a imagem externa de Angola na defesa da imprensa.